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segunda-feira, 2 de abril de 2012

cap 40 e 41 de o melhor pra mim

Capítulo 11 - Amigos novamente. Amigos?

Sábado, dia 7 de Novembro, 20:56, churras.

Thur:

Eu estava no meio de um jogo. E era um jogo difícil. Pedro já havia desistido e estava jogado no chão. Chay ainda jogava. Micael olhava e ria. Rayanna se recusou a jogar. Sophia estava de mão dada com Micael - depois do nosso pequeno coro de aleluia -, e só Mel estava na parada. Além de nós, Hirata, Felipe, Kátia, Pérola, Fábio, Michel, Carlos e muitos outros que eu só conhecia de vista.

- Vamos lá, no três. Quem gorfar dá um passo pra trás. - Hirata anunciou. - Um… Dois… Três!

Peguei o primeiro shot que vi pela frente. Virei. Senti a tequila descer rasgando. Sal e limão. O segundo. Sal e limão. O terceiro. Sal e limão. Quando fui virar o quarto, Hirata gritou:

- Opa, podem parar, Chay saiu da parada. - depositei o shot em cima da mesa e assisti Chay ir calmamente atrás dos nossos anões de jardim e vomitar em cima de um deles. - Agora só restam 15!

Olhei para a mesa, toda suja e nojenta, cheia de sal e bebida. Já estava bem idiota, mas não o suficiente pra não ouvir meu celular vibrar. Assim que Hirata começou a contar de novo, avisei que estava saindo da brincadeira e fui até a frente de casa. Só encontrei uma menina chorando e falando baixinho ao celular. Fui um pouco mais para frente, sentei-me no meio fio e atendi.

- Oi. - disse, baixinho. - E aí?

- Oi. - Lua disse do outro lado, mais baixo que eu. - Deu tudo certo, eles não desconfiaram.

- Tem certeza? - perguntei.

- Absoluta. - ela disse. - Clara só ficou perguntando por que eu estava molhada, mas viu a toalha verde em cima da minha cama e eu inventei que estava tomando banho.

Pigarreei, num silêncio constrangido.

- Bom, pelo menos as coisas deram certo dessa vez. - eu concluí.

Mas pelo rumo que estavam tomando, eram pra ser uma catástrofe…

Flashback on.

“Lua, você está aí?” uma voz feminina perguntou no ponto. Da distância em que eu estava, só pude perceber que era uma mulher, mas não pude ouvir o que ela havia dito. Mas pela cara de Lua, não poderia ser algo bom. Ela ficou branca como um fantasma e abriu a boca, respirando fundo. As gotas caíam pesadas em seu cabelo, já totalmente molhado, e eu comecei a sentir frio por ela.

- O que foi? - perguntei. Não havia me esquecido de que em apenas alguns segundos atrás estávamos prestes a nos beijar, e segurei sua mão, mas ela permaneceu imóvel, gelada. - Lu, o que foi?

- Clara acabou de me chamar no ponto. - ela balbuciou. Bom, aquilo era bem sério. Ela nem havia me xingado por chamá-la de Lu!

Então ela pareceu voltar ao cosmos.

- Meu Deus, que merda eu faço agora? - ela perguntou, dando a volta nela mesma. - Cadê a porra do walk talk?

- Ficou em cima da cama do Pedro. - eu disse, meio em pane.

- MERDA! - ela exclamou, antes de sair correndo para minha casa.

Fui atrás dela, mas antes que pudesse entrar em casa ela murmurou um “vai ligando o carro”. Obedeci, ainda sem acreditar naquilo. Nunca pensei que fossem procurá-la em seu quarto… Quero dizer, de quantos por cento eram as chances daquilo acontecer?

Liguei meu carro e esperei ela voltar. Avistei-a sair pela porta alguns segundos depois, falando alguma coisa no walk talk e passando uma toalha verde limão com um bordado “Propriedade do Pedro” em preto na cabeça. Ela entrou no carro terminando a frase com “no seu banheiro”. Depois olhou para mim e exclamou:

- Vai, Thur, acorda! Corre!

Pisei no acelerador e posso jurar que cheguei em sua casa em dez segundos, sendo que ela morava a várias quadras de mim. No caminho, ela foi falando com a madrasta, coisas como “deve estar no banheiro lá de baixo”, “eu vou procurar aqui, pera aí” e “eu estou com creme na cara Clara, não quero te assustar!”. Assim que parei perto de sua casa e ela desceu do carro, respondendo mais uma vez no walk talk: “Ok, eu abro, deixa só eu tirar isso da cara e procurar a chave!”. Então ela olhou para mim, desesperada.

- Eu desci, agora como eu subo? - ela perguntou, num sussurro assustado. Fomos até a frente da sua casa e ficamos parados embaixo da sua janela. A chuva já havia cessado, e agora só uma garoa fininha nos atingia.

Fiquei procurando algum apoio. Sua janela não era alta, mas também não era “alcançável” sem pelo menos uma escadinha de madeira… A única coisa que serviria eram as grades da janela da sala, por onde ela havia descido, mas a sala deveria estar ocupada pelo seu pai, pois a luz da TV piscava nas cortinas.

Olhei de um lado para o outro. Depois olhei para cima.

Então tive uma ideia.

- Espera aqui, eu já volto. - disse, indo até meu carro. Chegando lá, abri o porta-malas e peguei uma das várias rodinhas de skate quebradas de Pedro, peguei um corda que nós pretendíamos usar para tirar um tênis de Micael do telhado e peguei minha case de madeira revestida de couro. Fui até a porta da casa de Lua, que falava no walk talk algo como “já estou indo, Clara espera um minuto que a chave sumiu!” e coloquei a case no chão. Subi em cima e fiquei na ponta dos pés, encaixando a rodinha em uma das calhas baixas do telhado, na lateral da sua casa. Passei a corda por detrás dela, criando algo parecido com um guindaste.

- Vai, sobe aqui. - eu disse, envolvendo sua cintura para ajudá-la a subir na case. Depois enrolei uma das pontas da corda em sua cintura e enrolei a outra em minha mão.

- Olha, pra quem tem QI de babuíno, até que você foi inteligente. - ela brincou, antes que eu a puxasse para cima. Para me vingar, dei um tapa em sua coxa a mostra e ela mostrou o dedo do meio pra mim.

Icei-a - icei, que palavra bizarra - até sua janela e ela pediu para que eu não olhasse. O que eu, discretamente, não obedeci. Coloquei a mão no rosto e espacei os dedos, observando-a colocar as pernas para dentro do quarto.

Bela calcinha preta…

Assim que entrou, colocou a cabeça para fora, jogando a corda para baixo. Fez sinal para que eu me mandasse e eu pedi que me ligasse. Ela me ignorou e passados alguns segundos ouvi vozes em seu quarto.

Entrei no carro e voltei para o churrasco. Chegando lá, os caras brincavam de virar shots.

Flashback off.

E lá estava eu, ao telefone com Lua.

- Muito bem pensado, meu caro Watson. - ela disse, sobre minha conclusão de que pelo menos tudo dera certo, e eu ri. - Bom, só liguei pra avisar, já que você pediu… Agora eu vou dormir.

- Dormir às nove horas? - perguntei, e ela riu.

- O tédio consome minha alma. - ela suspirou. - Mas tudo bem, melhor do que nada. Pelo menos pude ficar um pouco no churrasco!

- Nós estamos brincando de virar shots. - eu disse, rindo.

- É claro que estão! - ela riu. – Tchau, Thur.

- Boa noite, Luzinha.

- Já pedi pra não me chamar assim! - ela exclamou. - Só porque você me levou no churrasco não quer dizer que eu vou virar seu capacho.

- Mas você me perdoou, certo? - perguntei, apreensivo.

- Sim.

- E você vai voltar a ser minha amiga, certo?

- Sim… - ela suspirou. - E só.

- Só? Nem uma amizade colorida? - perguntei, e ela riu do outro lado.

- Idiota!

- Otária.

- Imbecil.

- Gostosa.

- Canalha.

- Bons sonhos, Lua. - eu disse.

- Bons sonhos, Thur. - ela respondeu, e antes que desligasse, eu murmurei:

- Eu disse que se eles te prendessem em casa eu viria te salvar.

- Obrigado por isso. - ela sussurrou e desligou o telefone.

Guardei o celular no bolso da calça jeans.

A tequila me aguardava.

cap 41

Domingo, dia 8 de Novembro, 11:23, casa da Sophia.

Girls:

No dia seguinte, acordei às 9 horas com meu celular vibrando. Abri a mensagem de Sophia, que só continha uma palavra: “Beijei.”

Ri sozinha, guardei-o na gaveta do criado-mudo - pois meu pai não poderia saber que eu o estava usando - e voltei a dormir.

Acordei algumas horas mais tarde com Clara me balançando na cama. Ela me entregou o telefone e saiu do quarto. Era Sophia mais uma vez, pedindo para que eu fosse à sua casa. Resmunguei que iria e me levantei, meio sonâmbula. Tomei banho rápido, coloquei uma calça jeans skinny, uma camisa xadrez que havia comprado com Thur, calcei minhas papetes pretas e prendi meu cabelo molhado num rabo de cavalo. Se Thur me visse naquele estado me mataria, mas como ele não iria ver, eu estava pouco me ferrando. Avisei à Clara que estava indo para a Sophia, que era praticamente minha vizinha, já que morava no final da rua. Ela concordou e pediu para que eu não demorasse, pois meu pai havia saído cedinho para encontrar alguns amigos, mas deveria voltar pelo final da tarde. Fui a pé e cheguei em sua porta dois minutos depois.

Sua mãe atendeu. Ela estava com roupa de ginástica e os longos cabelos loiros presos num rabo de cavalo alto.

- Lu! Como vai? - ela perguntou, abrindo a porta para que eu entrasse. - A Soph está lá em cima.

- Valeu, tia. - eu disse, subindo os degraus da escada de dois em dois.

Atravessei o corredor e cheguei ao último quarto, onde plaquinhas de “não entre sem a minha permissão” estavam penduradas. Sem bater na porta, entrei no quarto, encontrando Sophia sentada em frente ao computador. Ela se virou na cadeira e sorriu. Joguei-me em sua cama e olhei pra ela.

- Conta. - pedi, sorrindo. Estava feliz por ela. Afinal de contas, Micael Borges sempre fora sua obsessão.

- Nós fomos comprar cerveja, certo? - ela começou, sem nem ao menos me dar “oi”. - Compramos e tudo mais, e voltamos para o churrasco. Aí ele pediu para que eu o ajudasse a descer os violões que estavam no seu quarto, então nós subimos. Sentei-me em sua cama e ele começou a procurar alguma coisa. Então ele achou um violão dentro do armário e sentou-se com ele ao meu lado. Acho que você já viu ele, é um todo assinado, vi sua assinatura lá.

- Ahã, ele levou para o estúdio, disse que era seu violão de estimação.

- Então, aí ele pediu para que eu assinasse e me entregou uma caneta. Assinei na mão e ele agradeceu, colocando o violão de lado. Então ele ficou me olhando, sem dizer nada. E eu ficava pensando “e aí, Micael, ou caga ou sai da moita!”. Mas depois de algum tempo, fiquei com vergonha de ficar olhando pra cara dele com cara de idiota e abaixei o rosto. Ele é tão lindo, pensei que fosse fazer alguma besteira se continuasse olhando pra ele…

“Sei muito bem como é isso…” pensei, mas permaneci calada, escutando o resto da história.

- Aí eu pensei que ele fosse levantar, contar alguma piada e descer pra encher a cara, mas ele só inclinou a cabeça e me beijou! Do nada! Foi tão fofo, Lu!

- Ooooown, que gay! - exclamei, e ela riu. - Mas e depois? Ele desceu e ficou longe de você ou vocês ficaram se amando?

- A gente ainda ficou um bom tempo lá em cima. Metade do tempo se beijando e a outra metade conversando. Aí quando resolvemos descer, ele pegou minha mão e nós fomos até a piscina. As pessoas ficaram olhando, principalmente aqueles amigos idiotas deles, o Michel, e a Kátia, aqueles idiotas, mas ele não soltou e ficou segurando minha mão! Então a Ray, que passou o churrasco inteiro se escondendo do Pedro, me chamou para ir embora. Aí ele me deu um selinho na frente de todo mundo e disse que ligava hoje.

- E ele ligou?

- Não, mas provavelmente ele está dormindo. - ela suspirou. - Mas me conta, o que aconteceu ontem? Thur tentou me explicar, mas ele estava brincando de virar tequilas e não estava no seu estado normal…

Relatei o que havia acontecido na noite anterior, sem tirar nem por, e Sophia ouviu tudo com atenção. Quando acabei, ela abriu a boca para comentar, mas meu celular gritando Feel Good Drag do Anberlin a atrapalhou. Fiz sinal para que ela esperasse e atendi, me arrependendo amargamente disso.

- Alô?

- Lua? - minha mãe chamou do outro lado.

- Oi, mãe. - respondi, fazendo uma careta.

- Eu estou indo para Rio , devo chegar em meia hora, estou indo com umas amigas, será que você poderia nos encontrar para almoçarmos juntas no Ritz?

- Claro. - respondi, fingindo que dava um tiro na cabeça, fazendo Sophia rir.

- E como andam seus planos de arranjar um par para o baile de inverno? - ela perguntou, e por um instante estremeci. Mas me lembrei que não precisava mais me preocupar com isso.

- Já arranjei um par, mamãe. - comentei, satisfeita.

- Que ótimo! Qual seu nome?

- Arthur Aguiar. - respondi, e Sophia riu.

- Aguiar? Da contabilidade Aguiar? - ela perguntou, surpresa.

- Sim. - respondi, me sentindo superior.

- Que bom! Então traga-o hoje para nosso almoço, ok?

- Mamãe, hoje não va… - comecei, mas ela me interrompeu.

- Beijos. - ela mandou, antes de desligar.

Droga, eu tinha que ter a boca do tamanho de um bueiro?

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