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quinta-feira, 5 de abril de 2012

cap 44 e 45 de o melhor pra mim

Capítulo 12 - Discussão de Relacionamento.

Segunda-feira, dia 9 de Novembro, 7:13, sala de espera da diretoria.

Thur:

O tique-taque do relógio era insuportável. O cheiro de mofo do banco de couro também. As paredes brancas estavam me cegando. O maço de cigarros do meu bolso parecia gritar “me fume! me fume!”. Eu estava ali há mais ou menos quinze minutos, mas meu relógio biológico acusava alguns meses de diferença. Sabia que a qualquer momento a porta de madeira iria se abrir, e meu pai sairia de lá, sorrindo audaciosamente, com a diretora atrás de si, me pedindo para limpar o armário, pois minhas transferência para um colégio interno na Suécia estava assinada.

Limpei minhas mãos suadas na calça jeans.

Maldita Alana.

Olhei em volta, procurando algo para me distrair. Só encontrei a secretária de novecentos e quarenta e sete anos da diretora jogando paciência no computador e algumas revistinhas de orientação vocacional em cima da mesinha de centro da sala de espera. Pesquei uma ao acaso e comecei a folheá-la. “Administração de Empresas” era a primeira profissão.

Maldita administração de empresas!

Joguei a revistinha em cima da mesa, passando os dedos pelo cabelo.

- … bom, então acho que temos um acordo! - a voz grave do meu pai atravessou meus tímpanos. Levantei os olhos dos meus tênis e o encontrei parado à porta, chacoalhando a mão da diretora, que sorria amigavelmente para ele.

“Finalmente!” pensei, observando a conversa calado.

- Sim, sr. Aguiar, e espero que o senhor converse com o seu filho. - Ela olhou para mim, com a sobrancelha levantada. - O Arthur tem muito potencial, e espero que ele não seja desperdiçado.

- Não será. - ele prometeu, olhando para mim com nada mais do que indiferença. - Vamos?

- Sim, querido papai. - respondi, me levantando e saindo da sala atrás dele.

Ao sair no corredor, encontrei minha mãe falando ao celular. Carla estava ao seu lado, entediada, e sorriu ao me ver.

- Vamos, Cristina. - meu pai ordenou, e ela obedeceu, indo atrás dele. Fui atrás dos dois com Carla nos meus calcanhares.

- O que você está fazendo aqui? - sussurrei para ela.

- Eu não fui suspensa, então, teoricamente, eu estava na aula. - ela apontou para nossa mãe. - Ela me pegou saindo pelo portão principal.

- Boa, maninha, é assim que se faz! - murmurei, sarcástico.

- Aprendi com o melhor. - ela sussurrou, pisando no meu pé.

Fui atrás dos meus pais até o portão principal. Chegando lá, Carla despediu-se e voltou para a aula. Então o rascunho do capeta, vulgo meu pai, me olhou de cima a baixo. Eu estava sem o uniforme, com uma calça jeans surrada, uma camiseta branca furada e meu Adidas com listras pretas. Ele fechou a cara o máximo que conseguiu, dando a ligeira impressão de que era um limão.

- Fiz um acordo com sua diretora. - ele começou, e eu virei os olhos. - Mais alguma gracinha e você está expulso. Ela não vai nem mandar me chamar. Só vai limpar seu armário e te impedir de entrar de novo no prédio. Você está ouvindo?

- Não sou surdo. - respondi.

- Ótimo. Tente não estragar as coisas como sempre. Essa é sua última chance. - ele me entregou um papel e puxou minha mãe pelo braço, que me mandou um beijo no ar e entrou no carro. Mas antes dele entrar, terminou sua sentença: - Semana que vem eu volto, e se perceber que todo o meu investimento foi em vão, você vai para Estocolmo comigo.

- Sim, senhor! - bati continência e ele entrou no carro, arrancando e virando a esquina.

Suspirei de alívio.

Esperei mais alguns segundos e puxei o maço do meu bolso. Acendi um cigarro trêmulo e sentei-me no meio fio. Pelo menos não estava indo embora para a Suécia com eles naquele momento.

Peguei o celular no bolso e digitei a frase “E já se foi o disco-voador!”. Enviei e coloquei-o de volta no bolso da calça.

Assim que ela lesse, entenderia.


cap 45

egunda-feira, dia 9 de Novembro, 7:17, primeira aula.

Girls:

Senti minha bunda vibrar. “Ui, vibrou!” murmurei, fazendo Mel, que copiava a matéria da lousa ao meu lado, rir. Larguei a caneta em cima do fichário e peguei o celular no bolso da calça do uniforme, abrindo a mensagem de Thur. “E já se foi o disco-voador!” Sorri fraquinho, digitando a resposta. “Então eu vou poder assistir Contatos de Quarto Grau?” Mel perguntou quem era, sem tirar os olhos da lousa, e eu respondi vagamente que era Sue. Ela não se importou com minha resposta monossilábica e deu de ombros, continuando a copiar a matéria. Do seu lado, Rayanna também copiava a matéria, e atrás de Rayanna, Sophia encarava o chão, com o olhar triste.

Micael não havia ligado.

Arranquei um pedacinho d folha e escrevi “Não fica com essa carinha, vai ver ele estava ocupado!” Joguei na carteira de Sophia, que leu o papel e sorriu fraquinho. Escreveu no verso e jogou de volta na minha carteira. “Ou talvez eu fui só um beijo e nada mais…”

Entortei a boca para ela, que fez uma careta e nós duas rimos.

Meu celular vibrou de novo. Novamente uma mensagem de Thur. “Claro que vai, Luzinha. Por falar nisso, a sessão é às 14h ou às 15h? Sou péssimo com números!”

“Ai, que idiota!” pensei, me segurando para não rir.

“Luzinha é o seu orifício anal. Às 14h em frente ao Burguer King. Não deleta essa mensagem, eu tenho certeza que você vai esquecer! Agora xiu que eu quero assistir aula sr. Suspenso.”

Guardei o celular na minha bunda e voltei a copiar a matéria de geografia, mas por mais que eu tentasse me concentrar, só conseguia me lembrar da tarde anterior. A boca dele na minha, seus dedos afagando minha nuca, sua risada tão perto do meu ouvido… Eu havia passado uma tarde perfeita ao seu lado!

Depois do beijo no parque - que foi demorado e gostoso -, eu fiquei meio atrapalhada, sem saber direito o que fazer, então ele me levou a um pequeno café em um deck artificial do outro lado da cidade e não me forçou a nada. Nós só ficamos conversando um tempão, nos conhecendo melhor, e às 21h eu estava no meu quarto, sã e salva. Mas antes de sair do carro, dei um selinho nele, sentindo todo o meu corpo estremecer. Não era do meu feitio fazer aquilo, mas eu queria beijá-lo mais que tudo no mundo!

Assim que havia fechado a porta do meu quarto, ele me ligou, e perguntou se eu queria ir ao cinema com ele no dia seguinte. Aceitei, e ele agradeceu. Não sabia que Thur poderia ser tão amável… Ele estava se mostrando uma pessoa bem diferente da sua fama, algo que eu pensei que só acontecesse em filmes.

Não sabia onde estava me metendo, disso eu tinha certeza. Eu sabia muito bem equações de velocidade, matrizes e meiose, mas não sabia nem um pouco sobre o funcionamento de um “relacionamento”, se é que eu posso chamar assim. Mas, bom, nada como se aventurar em coisas desconhecidas uma vez na vida!

Olhei de novo para Sophia, que olhava fixamente para o chão.

Mas, antes de pensar em mim, tinha algumas coisas a resolver com Micael.

Ele iria me pagar!

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