Image Map

segunda-feira, 23 de abril de 2012

CAP 65,66 e 67 DE O MELHOR PRA MIM

Capítulo 16 - “V” de Vingança.
Quinta-feira, dia 12 de Novembro, 13:26, campão.
Thur:
Minhas costas doíam de tanta pressão que estava fazendo contra o tronco da árvore. Não tinha para onde fugir… Eu não havia esquecido da promessa… Mas como eu poderia prever tudo que aconteceria na minha vida? Eu estava bêbado, pelo amor de Deus! Que tipo de pessoa acredita em promessas de um bêbado?
- Pérola, por favor… - murmurei, desesperado. - Não faz isso comigo.
- Arthur, você prometeu! - ela choramingou, com os olhos marejados. - Você sabe que a última coisa que eu queria era que isso acontecesse… Porra, eu amo você! E agora a única coisa que me resta é a sua promessa!
- Eu estava bêbado, Pérola! Bêbado! - exclamei exaltado. Ela abaixou os olhos, deixando algumas lágrimas caírem. Suspirei. - Me desculpe, não queria te fazer chorar… É só que… Você consegue me entender? Entende a sinuca que você me deixou?
- Tudo bem, Arthur… Se você não preza nada do que nós passamos juntos, eu não posso fazer nada… - ela levantou a cabeça, limpando as lágrimas. Deu dois passos para trás, ameaçando ir embora.
Fechei os olhos. Se eu parasse para pensar, ela era mesmo o mais próximo que eu cheguei de gostar de alguém. Era minha melhor amiga, minha ficante fixa. E agora eu havia tirado tudo isso dela. Se eu pudesse escolher, claro que não o faria, pois não queria magoá-la depois de todos aqueles anos de idas e vindas, de amizade. Mas o que eu poderia fazer? Eu estava apaixonado por outra pessoa! E acima de tudo eu não queria magoar Lua!
Agora ela estava ali, pedindo que eu cumprisse uma única promessa idiota para que ela pudesse seguir em frente.
Porque eu ainda bebia mesmo?
- Pérola, vem cá… - murmurei. Virei os olhos e puxei-a de volta.
- Você é mesmo um cara perfeito. - ela sussurrou, rindo.
Ela juntou seus lábios aos meus, ainda sorrindo. Segurei-a pela cintura, sentindo seu perfume doce. Seus cabelos  lisos caíram no meu ombro, e ela colocou as duas mãos em meu pescoço.
Beijei-a por alguns segundos. Era bom, com certeza era. Bom e conhecido. Mas não era quem deveria ser… Eu estava traindo a confiança de Lua, e algo me dizia que aquilo não morreria ali. Só de pensar em Lua vendo aquilo, um arrepio passou pelas minhas costas.
Fechei a boca, dando um selinho para terminar o beijo.
- Me desculpe, Pérola, você é ótima, e eu tenho certeza de que alguém muito melhor do que eu vai te encontrar e rir de mim por perder uma garota como você. Mas atualmente meu coração pertence à outra garota… - abri os olhos, encontrando os seus lindos olhos azuis fitando o chão. - Eu sinto muito.
Pérola mordeu o lábio inferior e olhou para cima, segurando as lágrimas.
- Ela tem muita sorte. Ser o primeiro amor de Arthur Aguiar… - então abaixou os olhos, dando de ombros. - Então acho que esse é o fim.
- Sim. - concordei, desapoiando-me da árvore. - Espero que ainda possamos ser amigos.
- Não sei se já estou preparada para isso… Mas quem sabe no futuro?
- Vou esperar ansiosamente por esse dia. - sorri, beijando sua testa carinhosamente.
Caminhei para longe dali. Assim que encontrei o Sol novamente, coloquei a mão em cima dos olhos, incomodado com a claridade. De longe pude avistar a mochila desenhada com arames farpados de Lua, e sorri.
Até sua mochila me fazia sorrir.
Era claro que contaria para ela. Era a primeira coisa que iria fazer. Explicaria a promessa e pediria perdão. E se ela não me perdoasse não a deixaria em paz até que o fizesse.
Corri até sua direção. Quando estava perto o suficiente para que ela pudesse me ouvir, chamei:
- Lua! - como ela não esboçou nenhum tipo de reação, pensei que não tivesse me ouvido. - Lua! Atrás! - gritei mais alto, fazendo-a parar no lugar. Caminhei até ela, que se virava lentamente. - Oi, me desculpe, tive que resolver algumas coisas e…
- Eu não posso fazer isso. - ela murmurou, me cortando. Olhava o chão, estática. Levantei a sobrancelha. Quê? – Olha, Arthur, você é um cara legal e tudo mais, mas eu… Eu não posso ficar com você.
- Como assim, Lua? Estava tudo bem até hoje de manhã! - exclamei, exasperado. Será que ela… Será que ela havia visto alguma coisa? Apressei-me em me explicar. - Lua, se você viu alguma coisa agora, eu posso explicar. Eu havia prometido à Pérola que…
- Não é nada disso. - ela subiu o olhar, me encarando. - Eu… Eu gosto de outra pessoa.
- Você o quê?

cap 66

Quinta-feira, dia 12 de Novembro, 13:29, campão.
Lua:
- Eu gosto de outra pessoa. - repeti, firme.
Fiquei alguns segundos encarando o chão.
- Quem? - ele finalmente perguntou, com cara e voz de incrédulo.
Era melhor assim. Nada de cenas de ciúmes, nada de brigas. Uma desculpa idiota pra terminar uma relação que estava fadada ao fracasso. Você pode não concordar, e dizer que o amor supera tudo. E sim, eu o amava, apesar de tudo. Mas eu simplesmente não sabia lidar com tudo aquilo. Arthur era um cara desejado, um cara que sabia encantar as pessoas. Qual era meu papel no filme que era sua vida? A nerd que no final ficava bonita e de sobra ganhava o príncipe encantado? Isso eu não poderia aturar. Porque eu tinha os melhores exemplos de que a vida real não era como nos filmes. A vida real era cruel e sabia te colocar em seu devido lugar. E foi o que eu fiz. Poupei esforços em vão, poupei problemas insolúveis. Coloquei-me onde não deveria nunca ter saído.
Além do mais, eu estava muito puta. Magoada, chateada, me sentindo traída. Estava um lixo… Não estava a fim de ouvir explicações furadas, mentiras deslavadas. Ele era um galinha, e mentir era o que ele fazia melhor. Criar ilusões era o seu dom… A ingenuidade foi minha de ter acreditado que comigo seria diferente. Aquele era o ponto final.
Mas por que, mesmo sabendo de tudo isso, eu estava sentindo como se tivesse acabado de receber um chute no estômago?
Mas o pior não foi mentir. O pior não foi fingir indiferença ao fato de que ele estava beijando Pérola. O pior foi ter que vasculhar minha mente em poucos segundos à procura de alguém que pudesse fazer Arthur sentir raiva de ter me conhecido. Alguém que ele odiasse, e que o odiasse de volta. Alguém como…
- Eric. - respondi, achando o cara perfeito. Sorri com o canto da boca com a minha esperteza, mas Arthur pareceu não perceber, tamanha sua surpresa.
- Eric ? - ele perguntou, deixando a boca aberta.
- Sim. - murmurei, não conseguindo encarar seus olhos castanhos, que brilhavam de raiva. - Sempre gostei.
- Que ótimo. - ele ironizou. - Que grande bosta eim, Lua? Como você usa alguém desse jeito?
Segurei-me para não rir. Olha só quem estava falando!
- Me desculpe… Não era minha intenção… As coisas foram acontecendo, mas eu não posso mais continuar com isso. - estava com vontade de xingá-lo de todos os palavrões que conhecia, ou jogar na cara dele como estava sendo hipócrita, mas me segurei. Eu queria acabar com aquilo de uma vez por todas. E queria que ele sofresse também.
- Bom, acho você já disse tudo… Obrigado por me fazer de idiota. - ele exclamou, dando as costas para mim e indo embora, sem se despedir. Deu alguns passos e acendeu um cigarro, ignorando algumas pessoas que o cumprimentaram pelo caminho.
“De nada” pensei em dizer, mas ele já estava longe, e eu não estava com ânimo para brincadeiras.
Suspirei, virei-me e fui em direção ao ponto de ônibus. Estava me sentindo vazia.

cap 67

Quinta-feira, dia 12 de Novembro, 13:45, home sweet home.
Guys:
- Não pergunta. - comandei, assim que entrei em casa e percebi que Pedro e Chay abriam a boca para perguntar o porquê de eu ter voltado tão cedo. - Sério, não pergunta. Eles se entreolharam, confusos. Joguei minha mochila em cima do sofá com raiva e fui até a cozinha. Abri o armário de bebidas e peguei uma vodka solitária, que empoeirava desde o churrasco de aniversário de Micael. Levei-a para a sala, pegando o cinzeiro no caminho. Chay e Pedro agora ignoravam minha presença, como pedido, e jogavam Super Smash Bros. Acendi um cigarro e dei um longo gole na vodka, estremecendo, enquanto observava o jogo, sem prestar muita atenção.
Puta merda, o que acabara de acontecer? Estava tudo bem de manhã! Estava tudo ótimo! Que porra de tarde fora aquela?
Dei mais um gole na vodka. Não queria pensar, não queria pensar, não queria pensar.
PORRA! Eric? Ela estava de brincadeira? Que tipo de atração um repetente idiota poderia causar em Lua? Que qualidade poderia tê-la agradado? Ele era um escroto que só sabia foder com a vida dos outros. Será que ela sabia que por causa dele eu quase morrera uma vez? Cara otário do caralho…
- Cara, eu não queria dizer nada, mas você está xingando baixinho, e meu vô fazia isso. - Chay comentou, e eu tomei mais um gole. - Cara, alguém te fodeu legal…
- É. - foi a única coisa que eu respondi, antes de pegar o cinzeiro e subir para o meu quarto. Não queria conversar com ninguém, e sabia que Chay insistiria até eu mandá-lo tomar no cu.
Sentei-me em minha cama, dando mais um gole na vodka. As janelas estavam fechadas, mas a luz solar conseguia entrar por algumas frestas. Apoiei a cabeça no vidro da janela e fechei os olhos. Dei um longo trago, sentindo uma pressão em meus pulmões. Soltei a fumaça pra cima, embaçando minha visão.
Eu queria parar de pensar. Era a única coisa que eu queria. Mas não conseguia… Seria aquilo vingança por ter me visto beijando Pérola? Ou era mesmo verdade? Eric? Justo o Eric? E por que ela havia me feito de idiota daquele jeito, se estava a fim de outro? Não podia ser verdade… Ela deveria estar puta comigo… Só podia ser…
Porra!
Dei mais um gole na vodka e terminei o cigarro. Foda-se a cirrose, foda-se o câncer no pulmão.
Deitei-me na cama e fiquei encarando o teto.
“Porque você fez isso comigo, Lua?” pensei, suspirando. “Você foi a primeira menina que eu amei de verdade…”

Nenhum comentário:

Postar um comentário