Capítulo 19 - “Just the way you look… Tonight!” Sábado, dia 14 de Novembro, 12:13, quarto de hóspedes. Thur: Acordei sentindo meu braço vibrar. Abri os olhos vagarosamente, incomodado com a secura da minha língua. Tentei me mexer, mas fui impedido por um peso que pressionava meu peito. Estava com aquela conhecida sensação de ressaca, e também não me lembrava onde diabos estava. Abri a boca para dizer “sai de cima de mim, Pedro, porra!”, porque era o que sempre falava quando acordava com alguém em cima de mim, mas não precisei, pois o “peso” virou-se para o lado, revelando o rosto angelical de Lua, que dormia tranquilamente com a boca aberta. Sorri involuntariamente, finalmente me lembrando da noite anterior. Meu braço vibrou novamente. Peguei o maldito celular de baixo das cobertas e atendi, com a voz arrastada. - Você tem o dom de me irritar. - comentei, sonolento. Levantei-me da cama observando o caos no quarto. As roupas de Lua estavam no chão e as minhas em cima da escrivaninha. A garrafa de vinho vazia rolava pelo carpete, manchando-o com as poucas gotas restantes, e as taças também estavam no chão, uma inteira e a outra quebrada. - Cara, bateram na sua cabeça forte demais. - ele afirmou. - Porque, aparentemente, você ESQUECEU de nos contar o que a porra do seu pai, e o motivo das nossas noites mal-dormidas, disse ontem depois do show! - Ah… Isso… - murmurei, pegando minha calça jeans do chão e vestindo-a por cima da samba-canção. - É, eu estava indo contar à vocês quando fui abordado por uma gangue de delinquentes. Tá lembrado disso? - Blá blá blá, meu nome é Thur e eu sou gay. - ele fez voz de mulher, ligeiramente irritado. - Cara, é sério, o que ele te disse? - Disse, basicamente, que vai parar de me encher o saco e que o Phoenix continua vivo. - contei indiferente, para criar um suspense - rimou! -, e Pedro gritou afetado do outro lado da linha. - Cara, cala boca, a Lua tá dormindo aqui do lado. - isso é sensacional! É a melhor notícia que eu recebi desde que descobri que aquela garota que eu peguei no churrasco da Pamela não era um traveco! - ele gritou, e eu abaixei o volume do telefone para que seus gritos não a acordassem. - Assim que eu chegar aí, nós vamos bebemorar! - sussurrei animado, sentado-me na beirada da cama para observar Lua dormir. Sua perna direita estava pra fora da coberta, me causando calafrios. - Eu não consigo nem acreditar! Nós estamos livres! LIVRES! - Pedro gritou ao telefone. - Seu pai vai nos deixar em paz. FINALMENTE! - Pedro, eu adoraria continuar essa conversa, mas você está muito alterado e vai acordar a fera. - olhei para ela, que se virou para o outro lado. - Assim que der eu te ligo. Conte a novidade aos guys, beleza? - Falou, Thur! Até mais tarde! Chay! Micael! Acordem! - ele gritou antes de desligar. Sentei-me mais perto de Lua e tirei alguns fios de cabelo da sua cara. Ela sorriu sonolenta, sem abrir os olhos. - Bom dia, Luazinha! - murmurei, beijando sua testa. - Hm… - ela gemeu, ainda sem abrir os olhos. - Você precisa se levantar e colocar uma roupa. - comentei. - Sua mãe não vai gostar muito de entrar aqui e te ver de roupas íntimas na cama comigo. - Hm… - ela gemeu novamente. Fiquei olhando para ela, segurando a risada. Surtaria em 3… 2… - O QUÊ? - gritou, sentando-se com um pulo. Logo depois colocou a mão na boca e ficou olhando em volta, embasbacada. Depois olhou para baixo, confirmando que estava de calcinha e sutiã, e puxou o cobertor para cima, cobrindo todo o corpo. - Thur… - ela começou a falar, em choque. - O que exatamente aconteceu aqui ontem à noite? - Ah, você sabe, nada de mais… - dei de ombros, e percebi que ela desceu os olhos rapidamente para o meu peito descoberto. - Nós só, sabe como é, transamos. Levantei-me da cama novamente, pescando minha camiseta do chão e a vestindo. Coloquei minhas meias e olhei para ela com o canto dos olhos. Estava petrificada, branca. Eu sabia que era maldade fazer aquilo com ela, mas eu não consegui me controlar! Foi mais forte que eu! - Nós o quê? - ela perguntou, fraquinho, com os olhos arregalados e perdidos. Peguei todas as suas roupas do chão ao ouvir passos no corredor e joguei em cima dela, que nem se mexeu. - Eu perdi minha virgindade e nem me lembro…? - balbuciou. Tá, hora de parar de me divertir. - Lua, tô zoando com a sua cara. - assumi, rindo. - Nós não fizemos nada de mais ontem, só demos uns amassos… Você apagou quando eu fui ao banheiro, depois eu voltei, me deitei aqui com você e dormi. - resumi bem resumido a noite passada para ela, sob seus olhos assassinos. - Você vai me pagar. - ela ameaçou entre os dentes, avançando em minha direção. - Lua, querida, acorde, bela adormecida! Nós vamos ao salão! - a mãe dela cantarolou pelo corredor. Sentei-me na poltrona correndo e Lua começou a colocar as roupas desesperadamente de qualquer jeito. Quando a maçaneta começou a girar ela, já devidamente vestida, jogou-se na cama e fingiu pentear o cabelo, enquanto eu fingia amarrar os tênis. Assim que entrou, Adriana varreu o quarto com os olhos e sorriu, não encontrando vestígios de que nós havíamos feito alguma coisa errada na noite passada. Graças a Deus eu tive a brilhante ideia de empurrar com o pé a garrafa de vinho e as taças para debaixo da cama. - Temos horário marcado para às 13:45, querida, precisamos correr! - ela completou. Lua gemeu e suspirou. - Mas e o Arthur? - ela fez biquinho, lançando um rápido olhar Serial Killer para mim. - Vai ficar aqui sozinho? - Não, ele vai ao salão também. - ela comentou, e eu arregalei os olhos. - Nada de mais, querido, só fazer as unhas, hidratar o cabelo e passar uma maquiagem nesse corte horrível na sua testa. Coloquei a mão em cima do corte automaticamente. Estava tão feio assim? Levantei-me, terminando de “amarrar os sapatos” e fiquei de frente para Adriana, que ainda olhava o quarto, procurando pistas de uma conduta indecente. - Não demorem, meninos, o almoço já está pronto! - ela anunciou, antes de sair pela porta, decepcionada. Olhei com o canto dos olhos para Lua, que espumava de raiva. - Agora você me paga, Arthur Aguiar! - ela murmurou, antes de me imobilizar no chão.
cap 86
Sábado, dia 14 de Novembro, 12:16, quarto de hóspedes.
Lua:
- Diz que eu sou linda! - pedi, com as duas pernas em volta da cintura de Thur. - Diz que eu sou a menina mais fofa do universo!
- Nunca! - ele exclamou, dramático, me fazendo rir. - Você nunca vai me vencer, Blanco!
- Isso poderia ser bem menos doloroso para você, Aguiar… - suspirei, fingindo compaixão. Depois encaixei meus dedos em sua barriga e comecei a fazer cócegas nele, que ria histericamente no chão, se contorcendo e implorando para que eu parasse. - Hã? O quê? Não estou te ouvindo!
Aquela era minha vingança pela mentira de mais cedo.
Eu adorava uma vingança. MUA HUA HUA!
Depois de alguns segundos ele finalmente conseguiu acumular forças para segurar meus pulsos e pedir, sem fôlego:
- Ok, ok! Chega! - arfou, ainda rindo. - Eu desisto! Eu falo o que você quer ouvir!
Curvei-me para frente, apurando meus ouvidos para ouvir sua confissão, e acabei caindo como um patinho na sua armadilha. Assim que abaixei a guarda, ele, num movimento ninja, aplicou-me uma gravata e imobilizou-me no chão, com um sorrisinho detestável no rosto.
Droga!
- Perdeu, playboy! - ele ria das minhas tentativas de fuga. - Nem adianta, Blanco, eu sou muito mais forte que você!
- Seu idiota! - exclamei, rindo. - Idiota, idiota, idiota!
- “Idiota, idiota, idiota!” - ele imitou minha voz perfeitamente -, mas você não resiste aos meus charmes.
- Quem disse? Quem foi o mentiroso?
- Bom, não fui eu quem tirou a roupa ontem e disse que estava pronta para virar mulher… - ele comentou, e eu senti meu rosto esquentar.
Ai. Meu. Deus. Eu precisava parar de beber!
- Então nós fizemos alguma coisa ontem à noite!? - perguntei nervosa. Thur riu em cima de mim e passou a mão pelo o meu rosto carinhosamente.
- Não, Luazinha, eu não me aproveitei de você, se é isso que você quer saber… - ele virou os olhos, fingindo estar magoado com a minha falta de confiança nele, e eu fiz uma careta ao ouvir aquele apelido. Ele aproximou seu rosto do meu e sorriu sincero. - E quer saber de uma coisa? Você é a garota mais linda e fofa do universo. - ele tocou meus lábios delicadamente com os seus e levantou o rosto, passando o polegar pela minha bochecha. Fechei os olhos ao seu toque suave e ele completou: - Eu amo você.
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