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domingo, 6 de maio de 2012

cap 94,95, 96 e 97 de o melhor pra mim


Domingo, dia 15 de Novembro, 9:13, hospital de Brighton.
Thur:
Estava com os olhos pregados na testa desde o dia anterior. Aquele quarto de hospital já estava começando a me irritar. O sono me dominava…
Olha, não me levem a mal… Eu ainda tentei entrar na frente para que o carro não a pegasse, mas o melhor que consegui fora fazer com que ele não passasse em cima dela. O impacto foi menor. Mesmo assim, somando a pancada na sua cabeça, minha perna quebrada e os arranhões em meu corpo devido à queda, fora um acidente e tanto. Mas pelo menos tudo estava bem, e ela acordaria a qualquer momento.
Não conseguia nem imaginar como seria se eu não tivesse empurrado seu corpo. Não gostava de imaginar… Só a lembrança de vê-la desmaiada ao meu lado na hora do acidente me dava calafrios…
-Arthur, vá pra casa… – Adriana resmungou ao meu lado, mais dormindo do que acordada.
- Vá você, Adriana, eu estou legal. Daqui a pouco os meus amigos chegam aí… E eu vou.
Olhei para Lua, que dormia tranquilamente, enfaixada. Havia batido o lado da cabeça e só ficaria no hospital em observação enquanto dormia. Assim que acordasse o médico a analisaria e a mandaria para casa. Pelo menos era o que nós esperávamos.
Adriana suspirou, vencida.
- Eu queria estar aqui quando ela acordasse, mas preciso tomar um banho e tirar esse vestido… Assim que eu voltar você vai para casa tirar esse smoking também.
Concordei com a cabeça só para não contrariá-la, porque eu não tiraria meu corpinho daquele quarto até que Lua acordasse.
Ela se levantou e lançou um olhar triste em direção à filha adormecida antes de sair.
Apoiei a cabeça na parede, fechando os olhos por um instante. Minha sensação fora a de só ter piscado, mas acordei duas horas depois com Sophia, Rayanna e Mel me chacoalhando.
- Arthur, vá para casa, tome um banho, descanse a perna e lave essas arranhados… Os meninos já estão chegando, nós vamos ficar aqui esperando você voltar! - Sophia passou a mão pelo meu gesso.
- Não, não… Vou esperar ela acordar… - balbuciei, antes de apagar de novo.
Despertei novamente com o entardecer. O céu escurecia, mas o quarto estava claro. Minha visão estava embaçada e minha perna doía muito. Ao meu lado vozes conhecidas conversavam.
- Ele ficou aí a noite inteira… - Sophia comentou.
- Não queria nem engessar a perna pra não sair do seu lado! - Mel completou, rindo.
- Muito fofo… - Rayanna suspirou.
- Olha, isso é tudo muito confuso… Eu nem conheço Arthur Aguiar direito! Me expliquem novamente como ele veio parar em uma cama ao meu lado?
- O QUÊ? - berrei, sentando-me com um pulo. Todas deram um gritinho, assustadas. Olhei para Lua, que levara a mão ao coração e respirava fundo. - V-você… Você não se… Você não se lembra de nós!?
- Meu Deus, você quase me matou do coração, cara! - ela ofegou. - Eu sei quem é você, mas não, não me lembro de sermos amigos…
- Amigos? Amigos!? - olhei para minhas amigas, que ainda se recuperavam do susto, mas tinham uma expressão de pena no rosto. - É brincadeira, né?
Eles negaram com a cabeça. Voltei minha atenção à Lua.
- Lua, linda, sou eu! O Thur! Nós dançamos ontem no baile… Eu sou seu… Eu sou seu namorado… Ou quase isso… - as palavras saíam engasgadas. Aquilo não podia estar acontecendo.
Lua soltou uma risada gostosa.
- Sim, e eu sou a Nicole Kidman!
Olhei novamente para minhas amigas, desesperado.
- Thur, não adianta. Ela não se lembra de nada a partir do começo de novembro. Ou seja, a partir do dia em que vocês dois começaram a se falar… - Rayanna fez uma careta. - O médico disse que talvez suas memórias voltem, mas não podemos ficar forçando…
Abri a boca e cruzei os olhares com Lua, que me olhava com um misto de admiração e nojo, exatamente do mesmo jeito que me olhara no primeiro dia em que fora pedir sua ajuda.
Eu não podia acreditar. Aquilo não estava acontecendo. Depois de tudo que havia acontecido entre a gente ela se esquecia de tudo!? Em que mundo injusto nós vivíamos!?
Levantei-me, uma dor cortante atravessando minha perna quebrada. Apoiei o gesso no chão, ignorando as ordens do médico, e manquei até a porta do quarto, sendo observado pelas quatro. Na verdade Lua não me observava, mas passava os olhos por mim. Deveria estar tomando drogas para a dor, e seus olhos não se fixavam em nada.
- Onde… Onde estão meus amigos? - perguntei, com a garganta seca.
- Na lanchonete. - Rayanna respondeu, mobilizada pela minha “perda”.
- Eu… Eu já volto… - anunciei, saindo pela porta.
Eu estava perdido…

cap 95

Domingo, dia 15 de Novembro, 18:43, hospital de Brighton.
Girls:
- Siga meu dedo com os olhos, Lua. - o médico de meia idade passava o dedo em frente ao meu rosto. - Isso, assim.
Eu não sabia o que diabos Arthur Aguiar estava fazendo no meu quarto, e também não sabia que papo era aquele de “eu sou seu namorado”, mas sabia que aquilo não saía da minha cabeça, nem se eu tentasse. Minha cabeça com amnésia.
Eu não gostava muito de Arthur Aguiar, admito. Eu meio que o odiava na verdade… Mas ele era muito gato, e isso eu não podia negar. Principalmente com aquele smoking preto que ele estava usando…
Mas meu namorado?
Acho que não…
- Ainda não se lembrou de nada? - ele perguntou, retirando o dedo da frente do meu rosto e colocando aquele aparelhinho gelado em meu coração para ouvi-lo.
- Não… É estranho, porque para mim não há nada para se lembrar… - dei de ombros.
- Isso é normal. Não sabemos se suas memórias vão voltar, mas não se force a lembrá-las. Se elas voltarem, voltarão naturalmente.
- Ok. - sorri. - Já posso ir embora?
- Pode… Vou conversar com a sua mãe e você já está livre.
O médico guardou a prancheta onde anotava algumas coisas e saiu pela porta. Minhas amigas suspiraram.
- Se esse médico quisesse cuidar de mim pro resto da vida eu não me importaria… - Mel comentou.
- Taradas. - comentei, levantando-me da cama. Ainda sentia algumas tonturas quando ficava em pé, mas nada que eu não pudesse superar. Afinal de contas, eu sempre fora forte. - Meninas… Eu não quero ficar forçando, nem nada… Mas o que exatamente eu tenho com Arthur Aguiar? Porque… Bem, vocês disseram que ele era meu amigo, mas ele disse que é meu namorado, ou algo do tipo… Estou confusa…
- Bom, não estávamos esperando ele acordar pra te contar… Mas, sim, ele é como se fosse seu namorado… - Sophia explicou, mas eu continuei sem entender nada.
- Como se fosse? - perguntei, estranhando.
- Sim… Bom, é uma looooonga história… Acho melhor você sentar. - Mel aconselhou.
Então eu sentei. E ouvi a história toda. E ao final dela, eu não sabia se ria ou se chorava. Resolvi não dizer nada, mas no fundo do meu âmago, o que eu mais queria no mundo era lembrar de tudo aquilo. Sabe como é, pra rir um pouquinho.

cap 96

Domingo, dia 15 de Novembro, 18:58, hospital de Brighton.
Guys:
- Cara, esse é o pior dia da minha vida… - murmurei, com a testa apoiada no frio da mesa de vidro.
- Relaxa, Thur, ela vai se lembrar. Eu tenho certeza. - Pedro deu dois tapinhas nas minhas costas.
- E se não se lembrar? A culpa é toda minha… Eu falei a merda das merdas, e ela foi embora por minha causa…
- Cara, se alguém tem culpa, somos nós. - Micael entortou a boca. - Não devíamos ter ido… Mas que merda…
- Não foi culpa de ninguém. Aconteceu. Agora nós temos que esperar ela lembrar… Só isso… Temos que agradecer que não foi nada grave! - Chay tentou nos acalmar.
Mas ninguém poderia me acalmar. Porque só uma pergunta rondava minha cabeça.
- E se ela não lembrar?

cap 97
Capítulo 21 - Brincadeirinha Inocente.
Domingo, dia 15 de Novembro, 17:15, hospital de Brighton.
Girls:
Sentei-me com as meninas na mesa onde os garotos mais “quentes” do colégio estavam. O mais estranho foi que eles sorriram pra mim, sinceros, como se estivessem realmente preocupados comigo.
Arthur Aguiar não tirava os olhos de cima de mim. O que era bem esquisito, ainda mais depois de saber de toda a história. Não conseguia processar a informação de que ele, bom, era apaixonado por mim. Não mesmo.
- Oi, Lua. - ele falou devagar, como se eu fosse retardada. Tudo bem que eu ainda estava meio lenta por causa dos remédios, mas não era pra exagerar. - Está melhor?
- Mais ou menos. - respondi com aquela conhecida sensação de que ele viraria uma lata de Coca-Cola em cima de mim. - Minha cabeça ainda está dolorida.
- Minha perna também… - ele sorriu.
Minhas amigas já estavam conversando com Micael, Pedro e Chay quando esse diálogo aconteceu. De acordo com a versão delas, Sophia estava num rolo enrolado com Micael, Chay e Mel haviam sido feitos um para o outro e Rayanna e Pedro estavam naquele estágio amizade colorida.
É… Nosso mundo não era mais como costumava ser…
E eu aparentemente havia perdido todas as lembranças dessa revira-volta.
Muito justo…
Os olhos castanhos de Arthur cravados em mim me deixavam um pouco desconfortável. Ele estava calado, roendo as unhas, me olhando, me olhando, me olhando… Não aguentei e virei meu rosto, fixando meus próprios olhos nos dele. Ficamos um bom tempo daquele jeito. Nem se eu quisesse conseguiria desviá-los.
Vou ter que admitir que minha vontade de beijá-lo era imensa. Mesmo babaca, ele era incrivelmente lindo.
- Lua, querida, vamos? - minha mãe gritou atrás de mim, fazendo-me virar a cabeça e perder o contato visual.
Desde quando ela era tão amável?
Nós oito nos levantamos ao mesmo tempo. Micael, Pedro, Chay, Sophia, Mel e Rayanna voltariam para Rio para começar a arrumar a escola para o nosso projeto - os meninos estavam sendo muito legais em nos ajudar com isso - e Arthur ficaria comigo para podermos voltar no dia seguinte cedinho para a escola. Eu tinha que ficar mais uma noite em observação, por isso não podia ir com eles, o que era uma bosta. Quero dizer, era muito esquisito ter que ficar uma noite inteira com um cara que, na minha cabeça, era um bêbado maluco que odiava meninas nerds como eu.
Mas ele insistiu tanto em ficar comigo que eu acabei cedendo…
Saímos do hospital e logo na porta nos despedimos dos que iam embora. Eles entraram no ônibus que ia até o terminal e nos deixaram ali, parados, meio desconfortáveis com a situação.
- Fiquem aí, meninos, vou pegar o carro. - minha mãe anunciou, desaparecendo pelo estacionamento.
Então eu estava sozinha. Com o Aguiar.
- É… - ele suspirou, olhando para cima. - Será que chove hoje?
O céu estava azul Royal, sem nenhuma nuvem. Que pergunta babaca era aquela?
- Provavelmente não. - respondi, sem olhar pra ele.
Estranho… O Arthur Aguiar que eu conhecia era um bêbado desprezível, não um garoto meio tímido que perguntava sobre o tempo. Não que eu o conhecesse muito bem… Nossos contatos sempre envolviam alguma grosseria de sua parte, então minha análise psicológica dele era baseada em poucos fatos. Mas os boatos que rondavam a escola me davam uma ideia completamente diferente do que essa imagem de garotinho indefeso e… Romântico.
Ficamos um bom tempo imerso naquele silêncio constrangedor, esperando minha mãe, que não vinha nunca. De repente, senti uma fisgada no peito, que eu conhecia muito bem.
- Você fuma Aguiar? - perguntei como quem não queria nada.
Ele olhou para mim com um sorrisinho cúmplice no rosto.
- Você não pode fumar Lua. - respondeu.
- Por que não!? - esbravejei.
- Bom, se você quer mesmo saber, lá vai. Primeiro: Você está tomando remédios fortes para dor, e fumar pode causar algum efeito colateral; Segundo: Sua mãe está chegando e pode te ver; Terceiro: Eu prometi que ficaria sem fumar até você lembrar… Da gente… De tudo… - ele deu uma tossidinha de leve, abaixando a cabeça. - Se você fumar, eu vou ficar com vontade.
Senti meu rosto esquentar. Ah, meu Deus, ele era tão fofo!
Controle-se, mulher!
- Então tá, eu… Eu não fumo.
- Obrigado.
Vi o carro da minha mãe virando a esquina e soltei o ar, agradecida. Ela parou em nossa frente e nós entramos. Sentei-me no banco da frente e Thur atrás. Olhei para ele pelo retrovisor, e uma sensação de Deja Vú me invadiu.
- Mal posso esperar para te ver no vestido! - minha mãe disse assim que entramos no carro.
- Eu vou ter que ficar com ele a noite inteira? - perguntei, já imaginando meu sofrimento em um daqueles vestidos cobertura-de-bolo.
- Não, só na valsa. Pro resto da noite tenho outro vestido pra você. - ela curvou-se para mim e sussurrou: - Um bem sexy.
Minha mãe e seus comentários embaraçosos. Se pelo menos Thur não tivesse ouvido, mas ele deixou bem claro que havia pela sua risadinha cortada.
Olhei pelo retrovisor para ele, que segurava o maço de cigarros através do tecido da calça jeans. Ele parecia meio nervoso, meio alheio ao resto do mundo. Minha mãe tagarelava sobre o acidente de Dylan, mas eu estava mais interessada em observá-lo. Suas bochechas vermelhas do Sol, seu cabelo despenteado, sua boca entreaberta…
Respirei fundo, com falta de ar.
- Lua, você está bem? - minha mãe freou o carro, preocupada. Nós tínhamos andado uns 500 metros. Thur estava com a cabeça entre os bancos, me olhando com os olhos bem abertos. - Nós estamos pertinho do hospital!
- Eu… Eu… - meu coração batia rápido. - Não sei, eu tive umas lembranças…
- E aí? O que é? - Arthur perguntou, interessado.
- A gente, nós três, nesse carro, um vestido… Sei lá…
Minha mãe e Arthur se entreolharam.
- Viu só, querida! Elas vão voltar! - ela acariciou minha mão, voltando a dirigir, um pouco nervosa. - Suas memórias vão voltar! Não se preocupe!
Arthur voltou a se encostar-se ao banco, ainda me olhando pelo retrovisor.
Eu não sabia explicar por que, mas meu coração disparava toda vez que olhava dentro daqueles olhos castanhos…



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