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sábado, 5 de maio de 2012

cap 90,91,92e 93 o melhor pra mim


Sábado, dia 14 de Novembro, 19:36, baile.
Lua:
- Meninas, na ordem, vocês já vão começar a descer! - a organizadora da festa gritava pelos corredores, onde garotas saíam de pequenas salas esbaforidas e estonteantes. Minha mãe já havia descido, super animada, e eu me sentia uma babaca completa com aquele vestido longo, rezando para não cair enquanto descia as escadas.
Pelo amor de Deus, nós estávamos no século XXI, quem ainda era “apresentada à sociedade”?
Só minha mãe mesmo… Minha mãe e as mães de mais doze meninas que esperavam ansiosas atrás de mim na fila.
Sim, para melhorar tudo, eu ainda era a primeira da fila.
Tinha como ser mais humilhante?
- No 3, garotas! 3… 2… 1… Vá, Lua! - fui praticamente empurrada escada abaixo.
Os primeiros três degraus foram os mais difíceis. Porque a música alta começou a tocar e me deixou meio surda, assim como os flashes que pipocavam das máquinas me deixaram cega e a vergonha daquele momento me deixava quente e com as bochechas rosa. Mas passados os três degraus, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Eu não havia tropeçado e nem feito algo embaraçoso. O que era ótimo!
Ao acabar todos os degraus e pisar no seguro do chão, avistei Thur, que me esperava na base da escada com um sorriso encantador no rosto - uma mistura de zombação com vergonha - e eu senti meu coração se aquecer dentro do peito. Ele usava smoking preto, seu bom e velho All Star - apesar das críticas de minha mãe - e o cabelo alinhado, embora tentasse a todo custo bagunçá-lo. Estava meio desconfortável com a situação, o que o deixava mais fofo ainda.
Era ele. Thur era o cara que eu amava. O cara por quem eu tinha os sentimentos mais complexos, os pensamentos mais confusos e o amor mais profundo.
O cantor da banda começou a música ao mesmo tempo em que Thur segurou minha mão, galanteador.
- Lindíssima. - ele murmurou, me embalando pelo salão. - Você está lindíssima.
- Obrigada. - apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Preste atenção à letra da música, Luazinha… - ele disse, enigmático, e eu enruguei o nariz ao ouvir aquele apelido. - Sabe o que eu estava lembrando? - mudou de assunto, enquanto nos movíamos lentamente. Estávamos dançando, e aquilo não era nem um pouco estranho como eu pensava que seria. Thur me guiava como um profissional, e eu me sentia leve.
- O quê? - não usei uma de minhas usuais piadinhas. Não era o momento.
- Lembra quando você disse que era só sua e de mais ninguém? - perguntou, me fazendo sorrir involuntariamente.
- Lembro…
- Você já mudou de ideia?
- Talvez, Thur… Talvez… - fechei os olhos, e ele quicou um pouquinho, rindo.

- Bom, então teremos que continuar trabalhando nisso…
- Quer mesmo saber a verdade? - perguntei, e ele levantou meu rosto pelo queixo delicadamente. Nossos olhos se encontraram, e eu percebi pela primeira vez os outros casais que dançavam à nossa volta.
- Por favor.
- Eu já era sua desde aquele dia no parque, quando você brincou, dizendo estar apaixonado por mim. - ele sorriu, maroto. - Não ria assim, é verdade!
- Foi mais fácil do que eu pensava… - ele virou os olhos, e eu belisquei sua mão de leve. - Eu estou brincando, Luazinha…
- Lua. Lu no máximo! - disse, entre os dentes.
- Quer saber quando você me ganhou? - perguntou, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Deixa eu adivinhar! Quando eu fiz você apanhar da Alana? - ele gargalhou alto, e alguns casais olharam para nós de cara feia. Minha mãe, ao fundo, negou com a cabeça em reprovação.
- Não, embora aquele momento tenha tocado meu coração… Pelas costelas… - ele brincou, e foi minha vez de rir alto. - Mas a verdade é que você me ganhou naquele dia em que nos levou pela primeira vez no estúdio e nos contou que sua primeira guitarra fora uma Les Paul. Aquilo foi sexy demais. É verdade! - ele exclamou, assim que eu o belisquei novamente. - É sério! Eu juro! Foi a coisa mais legal que eu já ouvi sair da boca de uma garota! É sério, Lua, assim que eu te vi segurando aquela guitarra sabia que você não seria mais uma pra mim.
Afundei minha cabeça em seu peito, envergonhada.
A música acabou, mas nós continuamos abraçados. Thur me segurava firme pela cintura, e eu me sentia segura.
- Thur…? - chamei, e ele bagunçou meu cabelo antes de responder:
- Eu.
Respirei fundo. Eu tinha certeza daquilo. Era a mais pura verdade. E não difícil dizer.
Pelo menos não muito.
- Eu amo você.
Ele inclinou meu queixo, beijando suavemente meus lábios, enquanto todos no salão aplaudiam a valsa. Então ouvimos um barulho alto e risadas mais altas ainda. Abri os olhos, ainda com a boca colada a de Thur, e avistei Micael, Pedro e Chay entrando no salão. Atrás deles minhas amigas se desculpavam pelo barulho. O salão emudeceu, olhando para os seis jovens que entravam fazendo barulho.
Afastei-me de Thur, incrédula.
- Ah, ótimo… - ele virou os olhos, nervoso. - Então era mesmo verdade…
Olhei para minha mãe, que estava com os olhos em órbitas, e olhei para Thur, que xingava baixinho. Então olhei para meus amigos, que nos procuravam com os olhos.
Aí caí na risada.
Tinha como aquela noite ficar mais perfeita?

cap 91
Capítulo 20 - Amnésia.
Sábado, dia 14 de Novembro, 19:40, baile.
Guys:
- Aguiar! - Pedro gritou do fundo do salão, apontando diretamente para mim. Todos os olhares, que antes estavam voltados a ele, agora estavam em mim. Ouvi a risada sincera de Lua ao meu lado e relaxei um pouco, mas ainda não tinha perdido a vontade de matá-los lenta e dolorosamente. - Olha só, tá no estilo!
- Micael, será que vocês poderiam abaixar um pouco a voz? - sussurrei, e ele foi esperto o suficiente pra ler meus lábios e concordar com a cabeça, mas não rápido o suficiente para impedir Chay de gritar a pleno pulmões:
- LUA, CARALHO, CÊ TÁ GOSTOSA, EIM?
Fechei os olhos, fazendo uma careta.
Era o fim. A mãe de Lua nunca mais iria querer me ver pela frente. Nem pintado de ouro.
- Pessoal, que bom que vocês vieram! - Lua soltou minha mão e correu em direção aos amigos. As pessoas ao redor recomeçaram a conversar, perdendo o interesse na cena, e Adriana só deu de ombros e foi sentar-se junto ao marido.
Fiquei observando com cara de idiota enquanto ela abraçava um por um meus amigos e suas amigas - uma ótima visão panorâmica da sua bunda, toda vez que ela tinha que ficar na ponta dos pés. Os seis ainda estavam sóbrios. Pelo menos não era uma catástrofe total.
- Arthur! O Phoenix é livre! - Micael gritou, me abraçando. Chay e Pedro vieram em seguida, num abraço grupal.
- Qualquer dia desses eu mato todos vocês. - murmurei embaixo da muralha de homens de terno me abraçando.
Isso foi à coisa mais homossexual que vocês lerão nessa história.
- Para de baitolisse, Thur, vamos bebemorar!
Olhei em volta, e ninguém parecia prestar atenção em nós oito. Olhei para Lua, que sorria de um jeito lindo.
Bom, o que nós tínhamos a perder?
- É isso aí! - concordei, animado. - Vamos bebemorar!
O que realmente aconteceu.

cap 92

Sábado, dia 14 de Novembro, 19:40, baile.
Guys:
- Aguiar! - Pedro gritou do fundo do salão, apontando diretamente para mim. Todos os olhares, que antes estavam voltados a ele, agora estavam em mim. Ouvi a risada sincera de Lua ao meu lado e relaxei um pouco, mas ainda não tinha perdido a vontade de matá-los lenta e dolorosamente. - Olha só, tá no estilo!
- Mates, será que vocês poderiam abaixar um pouco a voz? - sussurrei, e Micael foi esperto o suficiente pra ler meus lábios e concordar com a cabeça, mas não rápido o suficiente para impedir Chay de gritar a pleno pulmões:
- LUA, CARALHO, CÊ TÁ GOSTOSA, EIM?
Fechei os olhos, fazendo uma careta.
Era o fim. A mãe de Lua nunca mais iria querer me ver pela frente. Nem pintado de ouro.
- Pessoal, que bom que vocês vieram! - Lua soltou minha mão e correu em direção aos amigos, mas sua mãe a parou no meio do caminho. Fui atrás dela, e pude ouvi-la dizendo “eu não quero esses seus amigos aqui, Lua! Eles vão estragar a festa!”
Passei a mão pela garganta para eles, num sinal de que estávamos perdidos. Os seis olharam para a cena. Lua estava mais vermelha que um pimentão, e sua mãe soltava fumaça pelas orelhas. O salão inteiro nos olhava.
“Mãe, eles são meus amigos e sabem se comportar. Não começa…” ela murmurou, entre os dentes.
“Não começa você, Lua. Quero eles fora daqui!” sua mãe respondeu, alterada. “Isso é um evento familiar!”
Lua passou a mão pela testa e respirou fundo. Estava prestes a surtar.
“Quer saber? Eles vão sim. Mas eu vou junto.” ela respondeu, dando as costas para sua mãe.
Aproximei-me, segurando seu braço com força. Os guys se aproximaram com as meninas.
- Lua, pare com isso, nós vamos embora! Não devíamos ter invadido sua noite com a família! - Micael se desculpou.
- Lua, não precisamos ser tão dramáticos. - eu supliquei.
- Drama? Você acha que isso é draminha? - ela exclamou, puxando o braço para se soltar. Segurei-a novamente, com mais força. - Me solta, Arthur, mas que merda! Me deixa em paz!
- Hey, o que eu te fiz? - perguntei, sem soltá-la. Ela começou a se debater.
- Eu só quero que você me solte, porra! Eu quero ir embora daqui! - ela gritou. À essa altura do campeonato, a música havia cessado e todos do salão nos olhavam. Era um circo.
Comecei a ficar nervoso com aquele silêncio constrangedor, Lua me agredindo verbalmente por nada e todos os olhares cravados em cima de nós.
- Lua, a gente pode conversar? - sussurrei, puxando-a para mais perto. Sabia que estava apertando forte demais, sabia que estava machucando, mas não podia controlar minha força num momento daqueles.
- PORRA, ARTHUR! SOLTA A BOSTA DO MEU BRAÇO! VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO! - ela estourou.
Dava pra ver em seus olhos que aquela raiva não era direcionada a mim. Eu deveria ter sido compreensível, mesmo por que, como já disse antes, eu estava ciente de que estava a machucando. Mas, como sempre, ao invés de ter uma atitude racional, eu estourei.
- NÃO FALE COMIGO COMO SE EU FOSSE A PORRA DO SEU NAMORADO DE VERDADE! - gritei, a pleno pulmões.
Ela arregalou os olhos e abriu de leve a boca. Ouvi Pedro murmurar “fodeu” e Sophia soltar uma risadinha nervosa. No mesmo instante, sua mãe, que até aquele momento só nos assistia brigar, indagou:
- O que você quis dizer com isso, Arthur?
- E-eu… N-não… E-eu… - gaguejei, sem saber o que falar. Minha garganta secou no mesmo instante. Olhava para todos os lados, menos para Lua. Não podia nem imaginar o tamanho da merda que havia feito.
Calei-me. Afinal de contas, quanto mais se mexe, mais a bosta fede, não é? O que mais eu poderia fazer além de me calar e esperar as consequências dos meus atos?
Olhei com o cantos dos olhos para Lua, estática ao meu lado. Soltei seu braço de uma vez só.
- Arthur, vou receber uma resposta hoje? - Adriana tornou a perguntar.
- Foi isso mesmo que você ouviu, mãe. - abri a boca para falar, mas Lua me atravessou, com a voz dura e fria. - Thur não é meu namorado, é tudo uma farsa. Uma farsa pra poder te agradar, pra tentar me aproximar de você, e sabe por quê? Porque eu te amo, mãe. E eu quero me aproximar de você, quero tentar conviver com você. Mas eu sou muito diferente do que você gostaria que eu fosse. Você ama mais o status, você ama mais “o que outros vão pensar”… E com isso eu não posso lidar. Mas não se preocupe mais, mamãe - então ela direcionou os olhos gelados para mim. -, a farsa acabou.
O que ela queria dizer com aquilo?
Ela virou as costas a caminhou os poucos metros que a separavam da porta. Mas antes de sair, abriu a boca de todos presentes com uma revelação. Bom, talvez não de todos presentes, mas de todos envolvidos na história:
- E se você pensa que eu fiz isso pela merda de um carro, está muito enganada. No começo do ano ganhei um prêmio nas olimpíadas de física no valor de um carro. Fiz por amor mesmo. Mas como sempre, quebrei a cara.
cap 94
Sábado, dia 14 de Novembro, 19:54, no meio da rua.
Lua:
Até onde eu teria que ir para pegar um táxi naquele lugar? Será que os taxistas não sabiam que todos os dias alguma garota perdida saía de onde estava e procurava por eles? Porra!
Sentei-me no meio fio, depois de caminhar dois quarteirões. Apesar do frio, eu estava com calor. Principalmente por estar andando com aqueles saltos babacas. Sentia-me idiota, diferente do começo da noite.
Por que cheguei a pensar que algo daria certo para mim algum dia? As coisas nunca dariam certo. Pelo menos não pra mim.
Estava completamente perdida. Sentia falta da bolsa que deixara dentro do salão, com meu celular e meus cigarros.
- Lua! - ouvi a voz esbaforida de Thur vir do começo da rua. Virei os olhos. O que ele queria? Ferrar minha vida mais um pouquinho?
Quando conseguiu me alcançar, apoiou o corpo nos joelhos, respirando fundo. Levantei-me, com medo de que ele olhasse mais para minha calcinha do que para mim.
- Lua, por que você saiu daquele jeito? - ele perguntou, assim que recobrou o fôlego. Ignorei sua pergunta, continuando a caminhar. - Puta merda, Lua, para de ser criança.
- Arthur, vá embora. - pedi, sem vontade de brigar. - Acabou a farsa. Não precisa mais fingir que se importa comigo. - respondi, sem me virar. Avistei bem ao longe um carro branco vindo em nossa direção. Talvez fosse um táxi. Talvez não.
- Eu não estou fingindo! Me desculpe pelo o que eu disse, eu fui um idiota. Para de andar um pouco?
- Arthur, sério, me esquece. Como você mesmo disse, eu não sou sua namorada, você não é meu namorado. Sua banda já está livre, pode voltar com a sua vida que eu vou voltar com a minha.
- E o que nós acabamos de ter, Lua!? Você disse que me amava! - ele gritou, começando a perder o controle.
- É, eu te amo sim, Arthur. Mas eu não quero ter um relacionamento com você baseado na mentira, no fingimento. Eu preciso de um tempo pra mim, pra esquecer essa história, pra poder enfiar de uma vez por todas na cabeça que minha mãe nunca vai estar satisfeita comigo… Eu só quero um tempo.
- Lua, para com isso vai… Vem cá, me dá um abraço, vamos esquecer isso e fumar um cigarro. - ele estendeu a mão em minha direção. - Me conte mais sobre esse prêmio de física.
- Arthur, eu… - neguei com a cabeça, dando dois passos para trás, ficando no meio da rua.
- LUA, SAI DAÍ! - ele gritou, e eu senti algo me atingir.
Depois não me lembro de mais nada.



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