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sexta-feira, 11 de maio de 2012

ultimos capitulos de o melhor pra mim

cap 105

Capítulo 23 - “Don’t sell your heart, don’t say we’re not meant to be!”

Segunda-feira, dia 16 de Novembro, 12:13, meu quarto.
Lua:
- Lua, abre a porta. - meu pai batia de levinho na porta do quarto e pedia desesperado. Pelo menos era o que seu tom de voz baixo e trêmulo indicava. Com certeza ele estava pensando que eu iria me matar. Bom, se ele estava pensando mesmo que eu me mataria por causa de um garoto, ele realmente não me conhecia e não merecia conversar comigo.
- Pai, vai embora. - pedi, pela décima sétima vez. - Eu não quero falar com ninguém.
- Nós só queremos conversar com você, querida! - Clara tentou. Sua voz estava baixa, como se ela não quisesse fazer força, e eu entendia por quê: Tinha certeza que se ela fizesse força, até mesmo para pensar, meu irmãozinho nasceria mais cedo. Com aquela barriga imensa de 9 meses eu não duvidava de nada.
- Vão embora. Eu quero ficar sozinha.
Os dois, já cansados de tentar entrar no quarto, arrastaram-se escada abaixo - no caso de Clara ela rolou mesmo - e finalmente eu tinha paz. Meu celular estava desligado, meu telefone estava fora do gancho e minha porta muito bem trancada. Eu estava a salvo.
Mas por quanto tempo eu poderia ficar no meu quarto?
Algum dia eu tinha que sair, me alimentar, ir pro colégio… Mas eu poderia viver algum tempo com duas latinhas de Pringles e uma garrafa de Coca-Cola quente. Não podia?
Enfiei-me debaixo das cobertas, congelando de frio com o meu pijama de calor - o de inverno estava lavando. Era um plano perfeito: Ficar pra sempre no meu quarto.
Estava me sentindo idiota, patética, traidora, imbecil, babaca, infantil… Estava me sentindo um cocô. Não conseguia me lembrar dos olhos castanhos de Thur, cheios de desgosto, que sentia vontade de chorar.
A coisa estava bem feia. Eu NUNCA tinha vontade de chorar. Porra, eu não chorei nem quando fui atropelada!
Enfiei a cabeça no travesseiro, dando socos mudos na cama. Será que algum dia ele iria me perdoar?
Flashback on.
- Desde quando você tem sua memória de volta, Lua?
- Eu… Eu… - gaguejei. Todos me olhavam, curiosos, menos Thur. Ele não estava curioso. Estava puto. Como seus olhos entreabertos e suas pequenas veias que saltaram em seu pescoço denunciavam. Suspirei. Provavelmente me arrependeria por não mentir mais uma vez, mas eu não conseguiria. Mais dia menos dia eu teria de contar a ele e se ficasse adiando aquilo os estragos seriam maiores. Ele merecia saber a verdade. A brincadeira havia acabado. Fora bom brincar por… Um dia? - Ontem, no quarto, quando você me acordou.
Ele abaixou os olhos, soltando uma risadinha forçada. Parecia prestes a chorar, mas, ao invés disso, ele tirou um maço de Malboro Vermelho do bolso e acendeu um cigarro.
- E isso nos mostra - comentou, tragando fundo e depois apontando com o cigarro para mim. - o quão hipócrita você é. - minha língua parecia estar enrolada no céu da boca, anestesiada. Minhas pernas tremiam. - Não consigo decidir qual das duas é pior. - ele olhou para mim e depois para Pérola. - Acho que deu empate técnico.
- Thur, eu… - tentei dizer, mas ele me olhou com tamanha dureza que eu não pude terminar a frase. O que eu poderia dizer? Absolutamente nada. Ele estava certo. Eu era uma hipócrita.
- Eu cansei de você e dos seus joguinhos. - ele disse, frio. - Tenha uma boa vida, Lua. - deu as costas para mim e sumiu ao virar a esquina do auditório. No mesmo instante Micael, Pedro e Chay foram atrás dele, sem nem olharem para mim. Pérola riu, sarcástica, jogou os cabelos l para trás e foi ao encontro dos amigos, me deixando sozinha com Sophia, Mel e Rayanna, que me olhavam com uma mistura de piedade e raiva.
Até elas me odiavam! Ah, meu Deus. Eu era a pior pessoa do mundo!
- Meninas, eu… - suspirei. - Eu não sei o que dizer.
- Tenho certeza que não. - Mel comentou.
- Lua, eu sei que você às vezes é fria e calculista, mas dessa vez você passou um pouco dos limites. - Rayanna aconselhou.
- Me desculpem. - abaixei a cabeça.
- Não é a nós que você tem de pedir desculpas. - Sophia murmurou.
Então elas entraram no ginásio, me abandonando na sarjeta.
Flashback off.
Meu Deus, o que eu tinha feito? Como eu pude brincar com uma coisa tão séria? Como eu poderia me desculpar por uma coisa daquelas? Eu estava totalmente perdida.

cap 106
Segunda-feira, dia 16 de Novembro, 12:24, auditório do Elite Way.
Guys:
-Arthur tenho certeza que ela não fez por mal. - Pedro disse, me seguindo onde quer que eu fosse. Meus amigos já tentavam havia algum tempo levantar meu astral. Não estava dando certo. - Ela só queria, sei lá, ver se você gostava mesmo dela.
- Quebrar a perna já não é uma porra de uma declaração de amor? - perguntei, áspero, mexendo na mesa de som. A festa já estava no final - ainda mais com o desaparecimento da organizadora - e o DJ guardava os aparelhos no carro. Alguns alunos persistentes ainda estavam no salão, bêbados. A diretora fazia vista grossa, mas não poderia fazer nada; apesar de ser dentro da escola, era um evento onde seu poder era inútil.
Ao longe avistei Eric conversando com duas garotas. Um ‘clic’ ecoou pela minha cabeça e eu deixei meus amigos de lado, indo até ele. Não sabia direito o que eu queria com Eric g, mas sentia que deveria ir até lá.
- Eric. - chamei, depois de atravessar o salão.
Ele tirou os olhos dos peitos das meninas com quem estava conversando e me encarou, deixando escapar um sorrisinho de vencedor.
- Diz aí, Thur. Como anda a sua mina? Ainda tá afim de mim?
- O que ela te disse? - perguntei, e ele se fez de desentendido. - Quando foi pedir aquele… Favor a você. O que ela te disse? - como ele ficou em silêncio, me olhando, completei com: - O que ela te disse, porra?
- Nossa, mas que violento! - ele exclamou, rindo. - Meninas, vocês nos dão licença?
Suas amigas foram embora rindo e ele se apoiou na parede, analisando-me de cima a baixo.
- O que eu ganho em troca?
- Hã?
- O que eu ganho em troca se te contar o que ela me disse? - ele repetiu.
- Um “vai se foder seu filho da puta” serve? - perguntei, perdendo a paciência.
- Engraçado, foi isso que você me disse quando eu, acidentalmente, te empurrei da trilha. - ele sorriu, e eu quase enfiei a mão na cara dele. Só não o fiz porque a diretora nos observava. - Tenho que admitir que ver você rolando aquela ribanceira foi o auge da minha vida. Claro que eu não esperei que você fosse se quebrar todo, mas…
- O que você quer em troca? - o cortei, sem paciência para aquele papinho.
- Ah, nada de mais… - ele deu de ombors. - Quero o telefone daquela morena gostosa que você pegava. Pérola, não é?
- Com todo prazer. - sorri. Ah, as ironias do destino… - Anota aí.
Passei o celular a ele, que parecia uma criança na véspera do Natal.
- Bom, se quer mesmo saber - ele enfiou o celular no bolso da calça depois de terminada a transição. -, ela disse que precisava de mim para te fazer ciúme.
- Isso eu sei. Eu quero que você me diga exatamente o que ela te disse. - pedi, impaciente.
- Ah, bom… - ele coçou a nuca, pensativo. - Não lembro exatamente, mas ela disse algo como “Eric, preciso de um favor seu. Faço todos os seus trabalhos até o final do ano se você fingir estar interessado em mim”. Aí eu disse a ela que não seria tarefa muito difícil, com aquele rostinho lindo, então ela disse “Vai se foder, Eric!”, e eu perguntei quem eu deveria deixar com ciúmes, então ela disse “Arthur Aguiar, quem mais seria? Vai me dizer que você ainda não ficou sabendo que nós… Hm… Estamos juntos…?” então eu ri e perguntei porque ela queria que eu fizesse ciúmes em você, e ela respondeu “Porque aquele babaca filho da mãe me traiu com a Pérola”, então eu concordei e nós apertamos as mãos.
- Só isso?
- Só isso.
Encarei o chão.
- Se você quiser que eu tome conta dela é só avisar. Eu estava mesmo pensando em passar lá na casa dela mais tarde pra cobrar meus trabalhos feitos. - ele disse, venenoso.
Deixei meus ombros caírem e o ignorei. Virei as costas para ir embora. Aquilo não me servia de nada. Eu nem sabia o que estava procurando, mas definitivamente aquilo não me servia de nada.
No fundo acho que eu gostaria de ouvir algumas palavras de compaixão vindas dela. Algo que me fizesse sentir que sua mentira fora só uma forma de imaturidade, e não um meio de me magoar, e aquilo não me ajudava em nada.
Quando estava mais ou menos no meio do salão, Eric me surpreendeu ao gritar pra mim:
- Bom, se é útil pra você de alguma forma, antes de ir embora ela disse “Não quero que você chegue perto dele. Isso é entre eu e você. Deixe o Thur fora disso. E se eu souber que ele teve algum problema relacionado a você eu corto o seu pênis fora com um alicate de unha”.
Abaixei o rosto, sorrindo. Sim. Era aquilo que eu precisava ouvir.

cap 107

Segunda-feira, dia 16 de Novembro, 12:34, meu quarto.
Girls:
- Vamos lá, Lua, deixa a gente entrar. - Rayanna batia na porta com soquinhos constantes. Conseguia ouvir Sophia e Mel discutindo sobre o melhor jeito de arrombá-la. A porta, não a Rayanna. - Nós só queremos conversar com você. Só isso.
- Vão embora. - murmurei, debaixo das cobertas.
Quem tinha as deixado entrarem na minha casa? Eu ia matar a Clara!
Isso mesmo, Lua, aja com bastante maturidade, ameaçando mentalmente sua madrasta grávida.
- Bom, foi você quem pediu. - Rayanna parou de bater na porta. Tirei a cabeça debaixo das cobertas e fiquei olhando para a porta. Pensei que estivesse livre delas mas, no minuto seguinte, a porta se abriu de sopetão e as quatro entraram no meu quarto.
- O que vocês fizeram? - gritei, jogando as cobertas pra fora da cama. De repente meu pijama era curto demais.
Eu sempre tive vergonha de me mostrar daquele jeito na frente das outras pessoas. Homens, mulheres, ninguém tinha o direito de ver o meu corpo.
Acho que foi por isso que as três abriram a boca.
- Meu Deus! Você anda malhando, Lua? - Mel perguntou, apertando a própria barriga com um pouco de raiva.
- Não. O que vocês querem? - mudei de assunto, constrangida.
- Queremos saber desde quando você tem a porra do corpo da Megan Fox! - Rayanna reclamou. Sophia, atrás dela, só me olhava com a boca aberta.
Peguei as cobertas no chão e me enrolei. Sentei-me na cama e fiquei olhando para elas. O choque havia passado e agora elas olhavam em volta, franzindo o rosto. Certo, eu sei que aquele cheiro de Pringles não era muito agradável, mas era a única comida que eu tinha!
- Nós queremos pedir desculpas. - Sophia explicou. - E pedir que você vá se desculpar com o Arthur. Ele ficou meio arrasado, sabe?
Rayanna desligou o ar-condicionado - que estava no mais frio, para que eu pudesse sofrer e pagar os meus pecados - e sentou-se ao meu lado. Mel ocupou minha cadeira da escrivaninha e Sophia apoiou-se na batente de porta.
Enfiei o rosto entre as mãos.
“Não vá chorar, Lua. Você tem uma fama a zelar”.
Funguei e levantei o rosto, como se eu não estivesse a beira de um ataque de nervos.
- Eu fui uma idiota, não?
- Uma das melhores. - Sophia sorriu.
- O que eu posso fazer pra consertar isso? Eu não faço a mínima ideia. Eu só sei que… - fechei os olhos e falei de uma vez só. - Eu só sei que amo o Arthur e quero ele de volta.
Elas se entreolharam, com sorrisinhos idiotas no rosto.
- Nós sabemos disso, afinal, somos suas melhores amigas, não? - Rayanna jogou uma almofada em cima de mim. - Ou você acha mesmo que consegue esconder as coisas da gente? Nós te conhecemos desde que… Sei lá, desde sempre!
- E é exatamente por isso que estamos aqui! - Mel exclamou, pescando meu violão de dentro do armário e tirando-o da capa. - Você quer mesmo se desculpar?
Balancei a cabeça em afirmativa.
- Então vai fazer exatamente o que nós mandarmos…


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